Today is Epiphany. So I'd like to give you an exercise in creativity based on the results of a questionnaire that I put on heraldry groups on Facebook. Traditionally, the wise men went to worship the Baby Jesus. According to St. Bede, Gaspar came from the Caspian Sea, Balthasar was Moorish, and he came from Arabia and Melchior came from Chaldea. However, this information varies greatly according to the source. So what is commonly accepted is that the three kings came from three different directions from distant places according to Psalm 72:11. "Kings of the whole world will worship Him." So the Catholic Church and other Christian traditions usually believe that the Magi are associated with the three continents known at the time, and the gifts brought were portents of the life of Christ. This interpretation gained popularity in the Middle Ages and many paintings represent the magi with clothes characteristic of the continents, for example, the Epiphany of Bartolomé Esteban Murillo, a spanish artist. In this way, it is easy to imagine that during the navigations, mercantilism and popularity of Marco Polo's travels in the thirteenth century. People may have imagined a Chinese or Indian king, a European king and an African king. Legends like Prester John might have favored an idea like this. In this heraldic interpretation the idea of kings from distant places was extrapolated. the story would be more interesting if Melchior were Chinese or Japanese. Balthasar an Axumite king and Gaspar a Germanic king. As a prediction of the spread of Christianity. Please, enjoy the art bellow. See you. GasparDescription: Azure a eagle displayed gold. A crown of shields. Rationale: This shield was based on the diversity of ancient Europe. I tried to mix Vikings, Germanic and Roman elements in the crown. In the shield the eagle represents not only Rome but also alluding to the helmets of modern representations of Vercingetorix, Ambiorix and other Gallic leaders. BalthasarDescription: Per pale dancetty, sinople and gules, overall a rhino argent. A imperial aksumite crown. Rationale: The shield was divided vertically similar to the shields of the Massai tribes. On the other hand, the colors are typical of the Rastafari religion and Pan-Africanism. The white rhinoceros was chosen as a symbol of Africa, although the lion is the main animal of large size, unfortunately it is also a very common figure in heraldry and does not characterize a specific location. Finally, to symbolize the antiquity and African Christian kingdoms a crown was used based on the illustrations of Kings Aksumites. MelchiorDescription: Argent a four clawed dragon passant sinople on a mountain sable on a chief a roundel gules. A pagoda crown. Rationale: The Chinese dragon is a symbol of China's imperial historical phase. The red sun symbolizes Japan, whose Christianization took place through the Portuguese navigations that inspired the use of the Iberian shield for this coat of arms. The mountain symbolizes the mountain ranges of Asia, the Himalayas, Mount Fuji, etc. The crown lining was inspired by the pagoda architecture of the Buddhist religion of Japan, China, Cambodia, etc. Finally, a former Chinese colonel on the crown itself.
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Hoje é Epifania. Por isso, gostaria de presentear você com um exercício de criatividade baseado nos resultados de um questionário que coloquei nos grupos de heráldica no Facebook. Espero que goste. Tradicionalmente, os reis magos foram adorar o Menino Jesus. De acordo com São Beda, Gaspar vinha do Mar Cáspio, Balthasar era mouro e vinha Arábia e Melchior vinha da Caldéia. No entanto, estas informações variam muito de acordo com a fonte e são imprecisas na sua maioria. Portanto, o que é comumente aceito é que três reis vieram de três direções diferentes e de locais distantes de acordo com a previsão do Salmo 72:11. "Reis do mundo todo irão adorá-Lo". Então, a Igreja Católica e outras tradições cristãs, costumam acreditar que os Reis Magos estão associados aos três continentes conhecidos na época, e os presentes trazidos eram presságio da vida do Messias anunciado no velho testamento. Esta interpretação ganha popularidade na Idade Média e muitas pinturas representam os reis magos com roupas características dos continentes conhecidos, por exemplo, a Epifania do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo. Desta maneira, é fácil de imaginar que durante as navegações, o mercantilismo e a popularidade das viagens de Marco Polo no século XIII, que pessoas podem ter imaginado um rei chinês ou indiano, um rei europeu e um rei africano. Lendas como as de Preste João podem ter favorecido uma ideia como esta. Nesta interpretação heráldica a ideia de reis de lugares distantes foi extrapolada. a história ficaria mais interessante se Melchior fosse um chinês ou japonês. Balthasar um rei axumita e Gaspar um rei germânico. Como uma previsão da expansão do cristianismo que viria nos séculos seguintes. Abaixo, estão as artes completas que separei para você. Até mais. GasparDescrição: De azul com uma águia de ouro armada e languissada de vermelho. Sobre o escudo uma coroa de escudos. Justificativa: Este escudo foi baseado na diversidade da antiga Europa. Procurei misturar elementos vikings, germânicos e romanos na coroa. No escudo a águia representa não apenas Roma, mas também aludindo aos capacetes de representações modernas de Vercingetorix, Ambiorix e outros líderes galeses. BalthasarDescrição: Em pala endentado de verde e vermelho. Um rinoceronte passante de prata. Sobre o escudo, uma coroa imperial axumita. Justificativa: O escudo foi dividido na vertical semelhante aos escudos das tribos Massai. Por outro lado, as cores são típicas da religião Rastafari e do Pan-Africanismo. O rinocerante branco foi escolhido como símbolo da África, embora a o leão seja o principal animal de grande porte, infelizmente também é uma figura muito vulgar na heráldica e que não caracteriza um local em específico. Por fim, para simbolizar a antiguidade e reinos cristãos africanos se usou uma coroa baseada nas ilustrações de Reis Axumitas. MelchiorDescrição: De prata com um dragão de verde armado e lampassado de vermelho sobre uma montanha de negro. No chefe uma arruela de vermelho. Sobre o escudo uma coroa de pagodes. Justificativa: O dragão chinês é símbolo da fase histórica imperial da China. O sol vermelho simboliza o Japão, cuja cristianização ocorreu através das navegações portuguesas que inpiraram o uso do escudo ibérico para este brasão. O monte simboliza as cadeias montanhosas da Ásia, o Himalaia, o Monte Fuji, etc. O forro da coroa foi inspirado na arquitetura dos pagodes da religião budista do Japão, China, Cambodja, etc. Por fim, um antigo coronel chinês sobre a coroa em si.
HISTÓRIA: QUEM FOI PAULO DE ARAÚJO SOARES? O HOMEM POR TRÁS DA FUNDAÇÃO DA VILA NOVA DA RAINHA.8/6/2015 Ao longo dos anos, principalmente na última, década. A fundação de Campina Grande tem sido objeto de discussão. A dita história social afirma que Campina Grande foi fundada pelos índios Ariús, uma afirmação desonesta intelectualmente, pois como se sabe o conceito de cidade, ruas, casas, iluminação, concentração do comércio e atividades artesanais é essencialmente europeu, provindo das aglomerações de artesãos e mercantes chamados de burgueses que muravam esta aglomeração de pessoas e habitações com paliçadas ou muros de pedra e passou-se a chamar de burgos. O aldeamento não é necessariamente uma forma de cidade, dadas as inúmeras diferenças de atividades e organização, assim, o local chamado de Campina Grande passou a constituir uma cidade a partir da chegada de atividades econômicas e culturais como a formação de ruas, edificações de casas em separado por famílias, produção de gêneros alimentícios de forma sedentária e o comércio dos mesmos e demais itens. Por fim, faz-se óbvio crer que o local Campina Grande, passou a ser um embrião de cidade com a chegada dos colonos portugueses, afinal, a administração, aplicação das leis para todos os membros, logicamente respondia à Portugal e El Rey. Fechando o argumento, também é natural crer que aqui só passou a se chamar Campina Grande com a chegada de lusófonos, pois nenhuma das duas palavras que constitui o nome da cidade é de origem indígena. A conclusão simples é que Campina Grande partiu de um empreendimento dos colonos portugueses e não de uma aglomeração indígena, muito embora aqui residissem também os Ariús, a articulação entre os nativos e os colonos permitiu a formação da comunidade, sua defesa durante a Guerra dos Bárbaros com a aliança entre Teodósio de Oliveira Lêdo e o índio Cavalcanti. No entanto, fica em aberto quando ocorreu a fundação oficial de Campina Grande a partir da Vila Nova da Rainha. Porém, esta lacuna é preenchida pela história de Paulo de Araújo Soares Filho. Bisneto de Teodósio de Oliveira Lêdo e neto de Dona Adriana de Oliveira Lêdo, filho de seu homônimo português, natural de Viana do Castelo no Reino de Portugal. Mas porque não conhecemos esta história? Ou melhor, porque ela nos é escondida? Mistérios historiográficos. Na verdade, mistério nenhum. Pois mais uma vez o grupo de historiadores da escola da História Social (àquela que tem influências Marxistas e de Gramsci) quer desfazer a identidade cultural, corroer nossos símbolos e a história dos heróis, criando sempre grupos que se enfrentam na famigerada “agravação da luta de classes”. Uma pena que nossa história seja tão atingida por esta forma de pensamento. Paulo de Araújo Soares foi Sargento-Mor das Ordenanças de Portugal. Casou-se com Bárbara Maria de Jesus Carvalho. Foi possuidor de diversas fazendas, e desempenhou atividades econômicas de empréstimo e guarda de quantias em dinheiro, dada a falta de bancos na época, se estabeleceu na Fazenda Logradouro nas imediações do Vale de Santa Rosa. Sem dúvida, da história do século XVIII no interior da Paraíba, foi ele o homem de maior prestígio e influência social, superando inclusive sua avó Dona Adriana. O Sargento-mor destacou-se por ser homem de confiança dos Governadores da Capitania da Parahyba e posteriormente desta mesma Província. Viveu a transição de Colônia Portuguesa do Brasil para o Reino do Brasil unido à Portugal e Algarves. Assim, tendo sido um dos correspondentes de José Bonifácio de Andrade e Silva, conselheiro de Dom João VI e de Dom Pedro I, também futuro articulador da Independência do Brasil quando do famoso Grito do Ipiranga. Porém, o maior destaque de Paulo, foi ter sido o jogador por trás do xadrez da elevação da Freguesia de Campina Grande à Vila Nova da Rainha. Cabe aqui destacar, que freguesia, no sistema português, corresponde à bairro ou paróquia. Já vila é uma etapa anterior ao que se chamava de Concelho ou Município. De acordo com Tarcísio Dinoá, o Governador de Pernambuco, Tomás José de Melo, sob o qual estava submetida a Capitania da Parahyba (1755-1799), recebeu uma petição encabeçada pelo Coronel José da Costa Romeu em 1786, “homem bom” da Freguesia de Nossa Senhora dos Milagres do Cariri de Fora (atual São João do Cariri), solicitando que esta freguesia fosse elevada à vila, com o título de Vila Nova Da Rainha. Na petição, constavam outros homens-bons, isto é, aqueles que correspondiam às exigências de quantidade de posses para voto, entre eles Inácio de Barros Leira, Filipe de Faria Castro e José Félix de Barros Leira. O Governador General concordou com tal pedido e enviou à região o Ouvidor e Desembargador Antônio Felipe Soares de Andrada Brederodes, seu homem de confiança, para que fosse realizar a elevação à vila de tal localidade e, ao mesmo tempo, também a elevação das povoações que são hoje Caicó e Açu, no Rio Grande do Norte, à Vila Nova do Príncipe (futuro Dom João VI) e Vila Nova da Princesa, respectivamente. Ao chegar à região, o Desembargador deparou-se com uma comitiva de homens do alto do Planalto da Borborema, liderados por ninguém menos que o Sargento-Mor Paulo de Araújo Soares que queria convencê-lo à elevar a Vila a Freguesia Nossa Senhora da Conceição de Campina Grande ao invés da Freguesia do Cariri de Fora. Evidentemente que houve a disputa política entre os homens bons do Cariri e os do alto da serra, mesmo assim o Governador aceitou as ponderações e razões apresentadas pelo grupo favorável à Campina Grande, homologando a decisão do Desembargador em 1790. Mediante os seguintes argumentos enviados na forma de carta sobre as imediações do local: “serem as terras de lavouras e de boa produção; junto aos melhores brejos daquela freguesia, com abundância de farinhas não só para sustentação dos moradores como ainda para os lugares mais remotos que para lá correm” Argumentando também, que a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, no local Campina Grande era também ponto estratégico do comércio da região: “por ficar na estrada geral que vai destas praças para os sertões, comércio este que serve de muita utilidade às vilas e povoações” Por fim, a argumentação foi um pequeno ataque à Freguesia de Nossa Senhora dos Milagres de Cariri de Fora: “Os moradores da freguesia de Nossa Senhora dos Milagres requereram a Vossa Excelência para que se fizesse a vila naquele lugar com o fundamento de que só nele havia pessoas poderosas para sustentação da vila. O que se vê pelo contrário, por ser lugar estéril, de sorte que vivem os moradores que nele habitam miseráveis por razão de não terem farinhas para sua sustentação por virem procurar o socorro nos brejos daquele lugar distantes mais de vinte léguas.” Logicamente que o cabedal financeiro e político de Paulo tiveram preponderância maior. Como naquela época, a política se decidia de forma natural através da troca de favores, bens e títulos, com a elevação da Freguesia de Campina Grande à Vila Nova da Rainha não foi diferente. Assim, o Desembargador Brederodes, recebeu uma quantia de 200$000, duzentos mil réis do Sargento-mor e também uma boa quantidade de gado, que prosperando, serviram-lhe para quitar a quantia de 800$000, oitocentos mil réis que o desembargador já devia previamente à Paulo de Araújo Soares. Assim, consistindo numa enorme doação a Freguesia de Campina Grande, futura Vila Nova da Rainha da parte do Sargento-mor. Fica claro aqui, com uma apresentação honesta da história, que Paulo de Araújo Soares, como descendente de Dona Adriana de Oliveira Lêdo e do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Lêdo foi possuidor do espírito de colaboração com sua região e comunidade, mais uma vez a gênese de um dos muitos povos paraibanos se deus graças a um Oliveira Lêdo. O sargento-mor fora um homem do seu tempo, não teve nenhuma excentricidade, igual à todos os homens bons de sua época, perseguiu uma patente das Ordenanças Portuguesas, fundou inúmeras fazendas, converteu terras devolutas em sesmarias em consórcios com outros associados onde realizou-se a criação de gado, atividade típica de todos os Oliveira Lêdo do século XVIII. Porém, foi graças ao seu espírito empreendedor que hoje a Vila Nova, tornou-se Rainha da Borborema. Cartas de pedido de confirmação das duas sesmarias das quais Paulo de Araújo Soares foi beneficiário: "Nº 1135 em 17 de Julho de 1823 Sargento-mór Paulo de Araujo Soares, Francisco Pereira Pinto, Antonio Pereira de Barros e João da Costa Villar dizem que descobriram terras devolutas na Villa de Souza da Rainha (sic!), pegando das extremas da fazenda S. Pedro e vargem da mesma, contestando pelo norte com terras da Bôa Vista e S. Bento, pelo sul com terras da serra das Vargens de S. João e dos herdeiros de Ignacio de Barros, pelo nascente com as ditas terras de S. Pedro e vargens e pelo poente com Tapera, fazenda da Aldeia e S. João, e como dellas precisam pedem ditas sobras com tres leguas de comprido e uma de largo ou como melhor lhes for. Foi feita a concessão, pela junta provisoria da provincia, Estevão José Carneiro da Cunha, presidente, João Ribeiro de Vasconcellos Pessôa, João Gomes de Almeida, Antonio da Trindade Antunes Meira e João Barbosa Cordeiro, secretario. Nº 1136 em 30 de Julho de 1823 Sargento-mór Paulo de Araujo Soares, Francisco Pereira Pinto, Antonio Pereira de Barros e João da Costa Villar dizem que requerem terras devolutas no termo da Villa Nova da Rainha, pegando das extremas da fazenda S. Pedro e vargem da mesma, contestando pelo norte com terras da Bôa Vista e S. Bento pelo sul com terras da Serra das Vargens de S. João, e herdeiros de Ignacio de Barros, pelo nascente com as ditas terras de S. Pedro e vargens e pelo poente com terras da Tapera, fazenda da Aldeia e S. João. Ocorrendo embargo a junta do governo da provincia, Estevão José da Cunha, presidente, João Ribeiro de Vasconcellos Pessôa, Antonio da Trindade Antunes Meira, João Gomes de Almeida e João Barboza Cordeiro, secretario, mandou passar aos embargantes Ajudante José Gomes de Faria, alferes Antonio Gomes de Faria, D. Francisca Maria da Conceição e mais herdeiros da fallecida D. Maria José Pereira de Araujo a metade das sobras das terras pedidas pelos sobreditos, incluindo nessa metade o logar Gado Brabo de que os ditos embargantes estão de posse, não excedendo a quantidade legal". Referências: (1) –Antônio Pereira de Almeida. “Os Oliveira Lêdo – De Teodósio de Oliveira Lêdo à Agassiz Pereira de Almeida” vol. 1. (2)-Tarcízio Medeiros Dinoá. "Ramificações Genealógicas do Cariri Paraibano". Cergraf. (3)- Francisco de Assis Ouriques Soares. "Bôa Vista de Sancta Roza". Da fazenda à municipalidade. Epgraf. É certo que a Paraíba, em especial o Cariri, constituí um caso excepcional da História. Não sei se constitui uma exceção à toda regra ou o que a História Social anda pregando é falso. Bom, é sabido que no Brasil e em suas escolas, prega-se constantemente que o passado brasileiro, em especial tudo que anteceda à Nova República era caótico, ríspido, corrupto, ridículo e antiquado. Em especial a política, a ordem social e a predominância do sexo masculino. Falo das reportagens, livros de história e constantes manifestações e argumentações que afirmam que a história do Brasil e do Nordeste foi marcada pela opressão feminina e sua falta de voz expressiva na sociedade. A mulher era incapaz, não era dona de si, pois não votava, não possuía trabalho fora de casa, não gerenciava sua vida ou a vida da casa, vivia em função da figura "opressora" do marido. Para bem dizer, é verdade na grande maioria dos casos. A mulher, em especial a dos setecentos e oitocentos (séc. XVIII-XIX) não era propriamente dona de si. Casava sob arranjo, cedo, em geral, com um homem mais velhos, rapidamente era engravidada, vivia para as muitas gestações. Lembro de minha genealogia em que minha avó esteve grávida 23 vezes, meu bisavô teve 17 filhos com três mulheres diferentes, das quais a primeira teve dez do total e faleceu aos trinta e seis anos. Quer dizer, estas mulheres passaram a maior parte de suas vidas grávidas. Isto é um ponto crítico de uma mentalidade de uma época inteira, não fruto de um conflito entre os sexos, uma pena aos olhos de hoje, verdadeiramente triste para todos nós, porém não podemos julgá-los, isto fez parte da cultura. Assim como daqui a 100 anos ou mais a sociedade que nos sucederá, poderá achar um absurdo a quantidade de tempo que passamos usando dispositivos eletrônicos, filmando, registrando e compartilhando problemas de nossa época enquanto eles ficam sem solução na rua. Bom, isto é algo a se pensar. Seja como for, parece que houveram aquelas mulheres que possuíram personalidades fortes, mulheres empreendedoras e verdadeiramente espíritos livres. A simples existência do Solar de Sancta Roza ou Solar de Adriana é exemplo do que estou me referindo. Porém, suas raízes são bem mais profundas que isto. O genealogista Antônio Pereira de Almeida já havia levantado a hipótese de que Custódio de Oliveira Lêdo, pai do Capitão-Mor Teodósio, havia sido filho de Bartolomeu Lêdo, o oleiro do Morgado do Cabo de Santo Agostinho com a mameluca Anna Lins (1). Embora sempre a história refira-se a Anna Linss como mameluca, pois sua mãe era a índia tapuia Felipa Roiz Rodrigues, seu pai foi Rodrigo Linss Von Dorndorf da nobreza plutocrata teuto-lusitana, que há muito habitava Portugal vindos do Sacro Império Romano Germânico (2). Assim, Anna Linss, estudou na escola para meninas de Dona Branca Dias Coronel, onde recebeu educação da corte e mais tarde travou uma enorme delação contra a católicos que praticavam a religião judaica em segredo ao Tribunal do Santo Ofício. Bem, até aqui parecia que estes fatos estavam velados aos historiadores e genealogistas paraibanos como Francisco de Assis Ouriques Soares e Tarcízio Medeiros Dinoá. Embora estes tenham feito trabalho meticuloso, foi um empreendimento genealógico sobre os Lins do Rio Grande Sul que revelaram estes fatos. Anna Linss travou uma longa batalha de delações com as filhas de Branca Dias, sendo acusada de ter envenenado seu pai, porém, ao passo que caminhou a história,, a denúncia foi infundada, culminando com a exumação do corpo de Dona Branca sua transposição à Portugal para execução de um auto de fé, além é claro de suas filhas também terem sido levadas ao Tribunal na Europa para caminhamento do processo. Adriana de Oliveira Lêdo, foi bisneta de Anna Linss (ou Hanna, em alemão). Filha de Teodósio, foi ela quem assumiu o legado do seu pai na região que se chamava Vale do Santa Rosa. Teodósio fundara a fazenda, porém a concedera à sua filha e genro, o Capitão Agostinho Pereira Pinto que faleceu deixando a esposa e três filhos. Adriana poderia ter contraído núpcias novamente, no entanto, tomou para si o gerenciamento de seu Solar de onde partiu toda sua fama. Surpreendentemente a edificação ainda estava de pé quando Epaminondas Câmara escreveu "Municípios e Freguesias da Paraíba", quase trezentos anos depois, descrevendo-o como: "o nome da soberba Casa-Grande de Agostinho Pereira Pinto, em Santa Rosa, transmitiu-se, como título honorífico, a toda família, cujos membros presumiam possuir credenciais de uma espécie de fidalguia ou nobreza peninsular" (CÃMARA, 1999:51) (3) E de fato o eram, como descrevi anteriormente, sobre as leis de nobreza e fidalguia que prevaleciam em todo território português e seu Império Ultramarino (4). Sendo assim, é possível, inferir que se tratou de uma ironia de Epaminondas Câmara que posteriormente relembra ao leitor: "(...) uma vez construídas, não passavam mais por reforma para melhorar. Seus proprietários, tão cuidadosos em arranjar o maior número possível de escravos e obter patentes das ordenanças e das milícias montadas, descuidavam-se do conforto das mesmas e da educação dos filhos. As casas, mesmo as mais prósperas, tinham muito a desejar para a época." O exemplo dos grandes solares da Várzea não os impressionava. Bastavam as honras de capitão e sargento-mor, a posse dos lati-fúndios, a promiscuidade das senzalas, os campos cheios de gado e o dinheiro de ouro e prata enterrado, ou escondido no baú de couro... o mais era fantasia que não enchia barriga de ninguém. Móveis de jacarandá, tapeçarias, serviços de prata, brocados, correntões de ouro, gibões, almofas, serpentinas, etc., eram luxo do "povo lá de baixo". Interior era interior e gente "Lorde" não andava por aqui". (CÂMARA, 1998:21)(3) Enganou-se o mestre Câmara neste quesito, por falta de articulação de documentação e livros especializados da época. Sabemos hoje que nem mesmo a família real na corte de Dom João VI teve estrutura para toda a pompa que mantinha na Europa, sendo necessário o uso do "palácio" do Conde dos Arcos, que, na verdade, era um Solar com o de Várzea, outras casas e propriedades e também o Convento das Carmelitas. Não haviam palácios com torres no Brasil, em lugar nenhum. No "Carery", como se escrevia no séc. XVIII, não foi diferente. Embora houvessem pequenos solares mimosos aos olhos que vê, como a casa de Teodósio em Olivedos, a qual apresenta-se com estilo colonial, próprio de hotéis turísticos portugueses como o Casa da Várzea. É verdade que nossos solares era construídos de pau à pique e outros de tijolos e cal, porém eram grandes casas, de duas e quatro águas com grandes terraços para amenizar o calor, grandes currais e nenhuma senzala. A escravidão foi esparsa no Carery, sendo exatamente a região de Boa Vista conhecida pelos "galegos", pessoas loiras, devido a endogamia (3), que consistia no casamentos entre aparentados, primeiramente por falta de pessoas para casar, lembrando que os sertões eram praticamente inabitados e que um rapaz vindo de Pernambuco ou Portugal era muito disputado com dotes e terras (2), segundo porque a interação com os indígenas ainda era complicada, principalmente depois da Guerra dos Bárbaros, além é claro de que o trabalho agrícola e de criação de gados não requeria tanta mão de obra. Por fim, acredito que Paulo de Araújo Soares fora um grande senhor na região, correspondeu-se com ninguém menos que José Bonifácio de Andrade, cavaleiro da Ordem de Cristo, Regente do Brasil, durante a menoridade de Dom Pedro II. Finalmente, sobre Adriana consta que após a viuvês, não só tomou para si a gerência do Solar de Sancta Roza como também a regências das terras de criação de gado na sesmaria que fora de seu pai e cedida à seu marido, invocando assim a boa vontade do Rei Sol Português, Dom João V: "Nº 326 de 22 de Fevereiro de 1744 D. Adriana de Oliveira Ledo, viuva que ficou de Agostinho Pereira Pinto, moradora e senhora do sitio Santa Rosa do sertão do Cariry, termo desta capitania, o qual houve por legitima de sua defunta mãi Izabel Paes, cujo sitio é de crear gados, e porque nelle lhe não cabem os que possue, e nas suas ilhargas pelo riacho chamado Santa Rosa acima, donde vem o nome ao dito sitio, se acham umas sobras que pela parte do nascente entestão com os sitios chamados as Antas e S. Pedro, e pela do poente com os sitios chamados Riacho do Padre e Caifaz, e pelo dito riacho de Santa Rosa acima até entestar com a provida Dona Cosma Tavares Leitão, e para a supplicante poder possuir as ditas sobras com seos filhos Dona Izabel Pereira de Almeida e Agostinho Pereira Pinto, que tambem possuem seos gados, lhe é necessario tirar carta de sesmaria, na forma das ordens reaes, das ditas sobras com todas as vertentes dos mais riachos que correm para o dito sitio da supplicante, que por falta d'agua se acham devolutos e desaproveitados e nunca foram povoadas por pessôa alguma, pedia, portanto, em conclusão, que lhe fosse concedida em sesmaria as ditas sobras com as confrontações acima declaradas para a supplicante e seos herdeiros poderem melhor accommodar seos gados. Foi feita a concessão de tres leguas de comprimento e uma de largura, no governo de Pedro monteiro de Macedo." (2) Não tardou para que ainda neste século, surgissem mais propriedades e fazendas da mesma estirpe que o solar e sob a sombra e influência de Dona Adriana. Casa-Grande da Boa Vista, Casa-Grande do Matumbo, Casa-Grande do Logradouro, Casa-Grande do Olho D'Àgua, Casa-Grande da Barra da Malhadinha, Casa-Grande do São Joãozinho, Casa-Grande do Caluête, etc. Todas fundadas por filhos, filhas e genros da matriarca. Assim, o Vale de Santa Rosa passou a ser dividido entre os descendentes de Dona Adriana e de Teodósio de Oliveira Lêdo, pois como não haviam constituído morgado, coube que seus descendentes rasgaram o mapa do Cariri entre retalhos para a fundação de muitas outras famílias que hoje constituem o interior da Paraíba. Também não tardou para que o esforço feminino fosse recompensado, pois sob seu comando, conseguiu reunir em torno de quatorze grandes fazendas. Digno de um senhorio europeu, um pequeno baronato, sob o qual a matriarca exercia influência com o espírito de uma verdadeira baronesa. Em seu inventário, declarou possuir cerca de treze mil réis, desejável fortuna para a época. Além também de ter negociado nove mil cabeças de gado. Sendo assim, Dona Adriana de Oliveira Lêdo, fora sem dúvida a herdeira do primeiro núcleo familiar construído em pedra, fazendo dela verdadeira fidalga de solar e linhagem, como também a maior criadora de gado do Cariri, que segundo Caio Prado Júnior: "Em meados do séc. XVIII o sertão do Nordeste alcança o apogeu do seu desenvolvimento. O gado nêle produzido abastece sem concorrência todos os centros populosos do litoral desde o Maranhão até a Bahia".(3). Pode ser que Dona Adriana não tenha herdado o prestígio dos títulos de seu pai, no entanto, foi sem dúvida sua herdeira principal, regendo suas posses, gado, descendentes e transmitindo a influência política e riqueza à seu neto o Sargento-mor Paulo de Araújo Soares. Não houve títulos que coubessem à uma mulher nos Sertões entre as fronteiras do rio Piranhas, Piancó e do Cariri, nem mesmo morgado para lhe ser transmitido, mas coube a Adriana, ser o varão de saias dos Oliveira Lêdo, uma vez que Francisco, seu irmão não deixara descendência (6). Foi ela a responsável pela manutenção do nome e da história da formação do interior paraibano. Referências Bibliográficas:
(1) –Antônio Pereira de Almeida. “Os Oliveira Lêdo – De Teodósio de Oliveira Lêdo à Agassiz Pereira de Almeida” vol. 1. (2)-Tarcízio Medeiros Dinoá. "Ramificações Genealógicas do Cariri Paraibano". Cergraf. (3)- Francisco de Assis Ouriques Soares. "Bôa Vista de Sancta Roza". Da fazenda à municipalidade. Epgraf. (4)-WIEDERSPAHN, Henrique Oscar. Lins (Lynsen, Linns, Linss). ... Vol. II. São Paulo: [Instituto Hans Staden], 1962. p. 315 Certa feita, me coloquei na empreitada de fazer melhores brasões ou logotipos para os times da minha cidade, Campina Grande, Paraíba. Aqui o futebol é um esporte bastante ativo como na maioria do Brasil. Temos dois times profissionais que atuam de forma tímida, porém mais expressiva que a maioria dos clubes pequenos Seja como for, a cidade é sempre dividida entre "raposeiros" e "trezeanos", falanges apaixonadas que se digladiam com canções, berros e comemorações dentro do estádio. Um verdadeiro espetáculo no gramado e também nas arquibancadas. Bem, seria mais espetacular se os símbolos não fossem tão simples e desprovidos de significado. Então, como heraldista amador, tomei para mim a empreitada. Comecei pelo Campinense Clube. Peguei seus elementos principais, as cores, os títulos e o mascote. Embora o Campinense e seus torcedores se intitulem de rubro negros, na verdade, são tricolores, preto, vermelho e branco. Está no símbolo, um "C" preto interceptado por outro vermelho num fundo branco dentro de um aro vermelho. Mais simples impossível. Bom, isso se chama monograma, é um bom símbolo, mas falta significado, classe, imponência. As últimas três qualidades remetem rapidamente à cultura inglesa, impossível não fazer a associação. Então, baseei-me no brasão da seleção inglesa. Três leões e nove rosas para os inventores do futebol. Achei pertinente, afinal, até agora, embora haja uma disputa histórica, parece que o Campinense foi o primeiro time à ser fundado na cidade, 1915, precisamente. Outros elementos tomados, como já se disse, foi a raposa, mascote do time. Escolhido no início da década de 1960 por ser o predador natural do galo. Animal mais elegante não há, então, foi uma escolha natural. Ainda colocou-se quantidades simbólicas. O número três que é excelente. Três é Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Três também eram os senhores do panteão grego, Zeus, Hades e Poseidon. Em Roma, por um tempo, governou o Triunvirato, três cônsuls. Também está ali o dez que é o número do principal jogador em campo, o centro-avante. Por fim, as estrelas dos títulos, seis estrelas para os campeonatos paraibanos ininterruptos e uma para o Campeão do Nordeste. Aos pioneiros fiz o seguinte brasão: "Um campo de negro, realçado de vermelho. Três raposas da sua cor, 1, 1, 1, cosidas de prata. Dez estrelas de cinco pontas, 3, 3, 3, 1 tudo de prata. Sobre o escudo seis estrelas de cinco pontas menores e uma maior sobre as demais." Já para o Treze Futebol Clube, imaginei algo também que o valorizasse. O símbolo do Treze é o número propriamente dito dentro de um arco negro de fundo branco. Faltou criatividade. Embora existam outros, e atualmente se veja mais um proto-brasão com uma estrela um galinho e as letras negras "treze". É certo que para o futebol não existem regras heráldicas, mas seria bom se houvesse. O brasão do Galo é mal pensado, lembra bastante o da Polícia Civil. Então pensei em algo que remetesse à força, garra, tradição e uma posição altiva. Quase um alemão. Sim. A seleção alemã. Os símbolos e as cores já eram parecidas. Um galo, uma águia, preto e branco. A coincidência foi fortuita. Escolhi manter os mesmo elementos do Campinense. Fiz parecer o galo com a águia de duas cabeças dos Habsburgos, negra de bico e garras de ouro num fundo de prata realçado de negro. Uma estrela, imponente, solitária, como um vencedor que levanta a taça. A simbologia numérica foi mais simples, mas não menos interessantes. Carreguei o galo de treze estrelas de ouro, remetendo ao nome do time e ao famigerado jogo do bicho. E agora tradição, animação e garra se resumiam no seguinte símbolo: "Um campo de prata realçado de negro. Um galo da última bicado de ouro, armado de negro, patas de ouro e carregado de treze estrelas de cinco pontas da última. Sobre o escudo uma estrela de cinco pontas de ouro." Heráldica e Arquitetura: Campina Grande já abrigou a nobreza do Império Português e do Brasil.4/29/2015 Campina Grande sempre esteve à frente do seu tempo. No entanto, este artigo falará do que ainda temos de passado. Tradição. É sabido que sou um interessado em genealogia, história local, heráldica, tradição e outros assuntos voltados à cavalaria, portanto ando sempre interessado em sinais da existência remota de cavaleiros, nobres, reis, etc. Embora não pareça nos dias de hoje. O Brasil já foi habitado por Imperadores, Condes, Barões, Viscondes, Cavaleiros, Fidalgos e toda sorte de nobreza. Com a Paraíba não foi diferente, conforme já apresentei em estudos sobre o Capitão-Mor Teodósio de Oliveira Lêdo e outros oficiais de ordenanças e do Exército Português que detinham direitos de cavaleiros aqui na terra brasilis. Grata foi minha surpresa, ao andar pelas ruas do Centro de Campina Grande, e perceber que esta cidade ainda guarda sinais de que um dia houve uma nobreza e fidalguia habitando aqui. Mesmo com a demolição da arquitetura antiga da cidade pelo prefeito Verniaud Wanderley para dar lugar ao art-deco, permaneceram estruturas do século XIX ainda de pé. São casas e edifícios no estilo rococó e neo-clássico. Principalmente nestas casas mais antigas, umas imponentes outras nem tanto, se percebe a presença do que em Portugal se chama de “pedras d’armas”. Estas “pedras” são na verdade locais próprios e adornados em alto relevo que ficam nas fachadas e no alto das casas para abrigarem brasões das famílias de boa estirpe. Em Portugal é de costume que as pedras d’armas tenham o brasão entalhado, porém, no Brasil é fácil de encontrar estes brasões pintados em escudos pedra, também é normal ver-se o mesmo realizado em janelas ovais ou circulares de madeira. Encontrei nove pedras d’armas em uma caminhada pelo centro da cidade, o que comprova que em Campina Grande viveram fidalgos armigerados. Isto abre um precedente para pensarmos que podem existir brasões registrados de famílias que permanecem no desconhecimento. Fica a dica para os historiadores e interessados. Na andança, encontrei pedra d’armas no maravilhoso Pavilhão Epitácio Pessoa no Beco 31, infelizmente hoje está parcialmente encoberto por outra edificação na dianteira. Também em casas menores nas ruas Treze de Maio e na Irineu Jófilly, pena que nenhuma na Vila Nova da Rainha. Seguem fotos do Street View. Texto também publicado no blog Retalhos Históricos de Campina Grande. Recentemente terminei um projeto de restauração dos brasões da Paraíba que possuíam o estilo do Irmão Paulo Lauchenmayer. Ainda não enviei minhas restaurações para nenhum município em questão, no entanto comecei à buscar outros brasões pela cidade, tive a grata surpresa de encontrar mais brasões no estilo do Irmão como é o caso do Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG). Porém me ative àqueles que são mais visualizados no cotidiano da cidade e que possuíam grandes erros, por amor à arte heráldica e por amor à minha cidade, fundada pelos meus ancestrais. Também me ative sobre os brasões dos times de futebol, que na verdade não são exatamente brasões, o futebol não possui tradição heráldica, nem mesmo na Europa. Ainda assim, achei que seria interessante aplicar as leis da heráldica sobre os clubes de Campina Grande. Outra instituição o qual o brasão era amplamente usado e pouco correto era o da UFCG, minha alma mater e que o brasão tinha pouco de heráldico, este sim deve seguir as regras. Por fim a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário que possuía inúmeros erros. Os demais brasões da cidade ainda não tive tempo de me ater, os resultados que obtive estão dispostos abaixo. |
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